No future
zine / livro de artista
[…] “a gente destas terras é a mais bruta, a mais ingrata, a mais inconstante, a mais avessa, a mais trabalhosa de ensinar de quantas há no mundo […] outros gentios são incrédulos até crer; os brasis, ainda depois de crer, são incrédulos” (Vieira 1657:216)
O zine No future mistura imagens capturadas de filmagens do festival punk “O começo do fim do mundo” (realizado em 1982, no Sesc Pompeia em São Paulo) com relatos de jesuítas descrevendo a dificuldade da civilização e evangelização dos índios, no século XVI, retirados do livro “A inconstância da alma selvagem”, de Eduardo Viveiros de Castro. Seu título responde ao tema “Fim do mundo” oferecido pelo Festival Plana 2017 (Ibirapuera, SP), onde foi lançado, e ao mesmo tempo faz referência a música “God Save the Queen”, lançada em 1977 pela banda britânica de punk rock Sex Pistols.
O zine provoca de imediato a tentativa de fazer conexões entre essas duas “recusas”: os índios receptivos a qualquer figura, mas impossíveis de se configurar, e os punks desprezando qualquer ordem estabelecida. Os missionários jesuítas não perceberam que os “maus costumes” dos índios eram na verdade sua verdadeira religião, e um bom testemunho, concluiria que o festival punk de 1982 se desprendia em um êxtase religioso que transmitia uma única e clara mensagem de revolta.
When there’s no future
How can there be sin
We’re the flowers
In the dustbin
We’re the poison
In your human machine
We’re the future
Your future
God save the queen
O material utilizado para a confecção do projeto serve a estética dos zines dos anos 1970/80, imagens em preto e branco reproduzidas em xerox de pouca qualidade, a custo baixo que facilita a sua distribuição.
O zine foi incluído no roteiro de fotolivros da Revista Zum por ocasião do Festival Plana 2017. Teve resenha escrita por Márcio Sno para o site Revoluta. E foi indicado ao Prêmio Dente de Ouro 2017, da Feira Dente de Brasília.
Tamanho: 14,5 x 14,5cm
Impressão: xerox
Páginas: 00
Encadernação: grampo
Lançamento: 2017